Resenha: My Dearest (K-Drama)


Confesso que essa resenha foi uma das mais complexas que já fiz, porque é uma obra tão fantástica que sinto necessidade de exaltar cada detalhe para que outras pessoas também amem tanto esse drama como eu amei! Então se preparem que lá vem textão até com algumas contextualizações históricas!

A história se desenrola durante o período da dinastia Joseon, quando o povo enfrentou adversidades intensas devido à invasão Qing. Em meio a esses tempos difíceis, uma história de amor ganha vida. E toda a narrativa foca na esperança da população em tentar sobreviver no meio de tanta violência e caos, principalmente uma visão dos mais fracos como mulheres, crianças e idosos. Enquanto isso, vemos a degradação psicológica do rei e seu impacto direto na nação. Ou seja, é uma trama diferenciada, porque mostra na perspectiva dos mais fracos as consequências das decisões dos nobres e por outro lado, mostra a incapacidade dos políticos e intelectuais em defender a nação. Sendo esses despreparados fisicamente e psicologicamente, usando como “força” a escrita de textos implorando ao rei de acordo com uma moralidade arcaica e inútil quando o perigo está na porta.


📌Uma pausa explicando sobre a invasão dos Qing na península da Coréia


O drama acontece no período de 1637 num período de queda da Dinastia Ming na China e ascensão da Dinastia Qing. A Dinastia Qing foi a última dinastia da China e foi formada por um conjunto de tribos da etnia Manchu que tomou o poder da Dinastia Ming, de etnia Han que desenvolveram muito na artes e filosofia. Eles eram originários da região da Manchúria, ao norte da China, e como viviam de uma forma até nômade e tinham uma cultura muito diferente dos Ming, eram considerados bárbaros. Na história da Coréia (ver nos destaques na nossa página do instagram sobre a história da Coréia e da China), houveram muitas invasões como do Japão no último século, do Império Mongol com Gengis Khan e da China durante suas várias dinastias, sendo muitas vezes a Coréia se mantinha com uma certa independência, porém ainda sendo vassala de quem a dominava. 


Então o drama tem várias críticas sociais até ao confucionismo (filosofia adotada na Coréia com princípios de moralidade e governança). Como a posição da mulher na sociedade, a hierarquia, a monarquia em si e a crença cega sobre seus princípios. O personagem do protagonista representa o questionamento sobre essa crença cega e tem uma visão próxima a quem assiste no fato de ficarmos revoltados com as decisões e falas de vários personagens. Já outra crítica é em relação a visão da mulher como algo puro que tem que se preservar, porque ao perder a sua pureza se perde seu valor para a nação e isso é muito frustrante em vários momentos no drama e a protagonista representa esse lado.


Falando agora dos protagonistas, o amor deles é surreal de lindo. É complexo e amadurece de diversas formas no drama. Cada um com seu tempo para compreender o tamanho desse sentimento. Sério, que química!! Os dois formam uma parceria que atravessa todo o caos em busca de defender o que eles acreditam e ajudar a quem precisa.




O protagonista, Lee Jang Hyun, foi uma excelente interpretação do Namkoong Min. É um personagem complexo e que transmite muitos sentimentos através de um simples olhar. E o jeito que ele olha para Gil Chae é com um amor e um carinho tão grande que dá um quentinho no coração. O drama apresenta o seu passado e isso explica muito do que ele é hoje e o motivo das suas decisões.



Já Ahn Eun Jin surpreendeu demais com a Yoo Gil Chae, ela passa por uma jornada de crescimento pessoal muito grande. No início parecia uma menina nobre mimada, mas a cada episódio ela surpreendia e mostrava o quão forte e maravilhosa era. Uma personagem espetacular, tem seus defeitos, mas é muito lindo ver ela se impondo sendo seu próprio destino numa época que as mulheres não podiam fazer quase nada sem depender de um homem. Um detalhe é que o drama, inicialmente, se baseia na clássica obra “E O Vento Levou”, como a protagonista mimada, ela é apaixonada por um homem que ama outra e quem ama ela ter uma fama de malandro. Se parece ainda mais com o contexto da guerra, que no filme/livro é a Guerra Civil Americana. Porém, a Gil Chae é uma personagem muito mais complexa Scarlett O'Hara e a comparação das duas obras só valem na primeira parte do drama. Não desmerecendo o clássico filme, que inclusive amo, mas comparar um roteiro de 1939 com um de 2023 também é difícil.


Em relação aos coadjuvantes não deixam para trás o nível. Inclusive, os “vilões” não são 100% ruins, mas já garante uma revolta de quem tá vendo pela hipocrisia em cada fala. Como no diálogo: As pessoas com medo ou ameaçadas, são cruéis. Foi um retrato bem claro de como era a sociedade naquele período.


E por último, mas não menos importante. A fotografia foi impecável em cada detalhe para trazer o clima de cada cena e dá pra ver claramente o investimento para esse projeto, MBC abriu os bolsos. E a trilha sonora é super marcante e bem trabalhada. Não me surpreenderia em nada que eles ganhem vários prêmios neste final de ano e no Baeksang Arts Awards.


(Cena de um sonho no 1º episódio)

Portanto, My Dearest merecem sim todo esse hype, cada episódio vale a pena e ainda tem um final feliz!! No entanto, já aviso que não recomendo maratonar, porque os episódios são longos com um ritmo lento e tem uma boa carga emocional. Então, obviamente, recomendo o drama de olhos fechados ainda mais pra quem gosta de dramas históricos e já está acostumado com o gênero, mas ainda sim pra quem não curte ainda vale como recomendação!


Para assistir tem no Viki, Kocowa e Taled Fansub (Fórum e Telegram).


- Adm Luiza



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