Resenha: So Wayree (Thai-Drama)

Thai-Drama: So Wayree (Chain Of Vengeance)
Ano: 2020 | País: Tailândia
Gêneros: Romance, Drama, Negócios
Episódios: 15
Sinopse: Acompanha dois herdeiros de impérios que, após um encontro traumático e repleto de mal-entendidos, entram em uma guerra pessoal de vingança.
Onde assistir: Infinite Dramas (telegram)
Lakorn Brasil (telegram)
Luanna Sou Translate (site)
"So Wayree" tenta desesperadamente vestir a roupagem de um drama tailandês moderno, mas acaba tropeçando nos mesmos vícios narrativos que o gênero luta para superar há mais de uma década. O resultado é uma experiência que oscila entre o absurdo involuntário e um melodrama tão artificial que quase exige suspensão de descrença em doses clínicas.

A trama já nasce manchada por uma premissa que, além de problemática, compromete qualquer tentativa de gerar empatia pelo casal central. O episódio inicial - envolvendo drogas, tráfico e um mal-entendido grotesco que leva o protagonista a interpretar a mocinha como prostituta - não apenas soa datado como vergonhoso, como estabelece um alicerce moral frágil para o restante da narrativa. A série passa os episódios seguintes fazendo malabarismos para justificar o injustificável, sem jamais encarar a gravidade do próprio começo.

A aposta no velho clichê cão e gato leva o relacionamento a um nível de toxicidade que, em qualquer outra ficção contemporânea, seria tratado como tal, mas aqui é embalado como se fosse tensão romântica. O conflito empresarial entre grandes redes hoteleiras, que poderia render um subplot interessante de poder e ambição, desaparece rapidamente sob a avalanche de má-comunicação, ataques de raiva e decisões impulsivas tomadas sob o pretexto de “paixão”.

Os personagens, infelizmente, passam longe de qualquer nuance. São arquétipos ambulantes, presos em um loop de erros repetidos, segredos mal guardados e perdões que surgem do nada. A narrativa parece acreditar que o público aceitará qualquer comportamento questionável desde que o destino continue empurrando os protagonistas um para o outro, e o roteiro faz questão de empurrar com força.

E então vem o caos melodramático definitivo: duas gravidezes inesperadas, ambas envolvendo o mesmo protagonista, tratadas quase como um prêmio narrativo e não como o enorme trope que são. É como se o roteiro tivesse uma lista de reviravoltas prontas e decidisse usá-las todas, independente de coerência ou saturação. O excesso de subtramas mal desenvolvidas, somado à insistência em prolongar conflitos artificiais, faz com que os 15 episódios pareçam uma maratona de repetições.

Se há algo que salva minimamente a produção é o valor estético: cenários impecáveis, figurinos elegantes e uma fotografia que tenta elevar a experiência. O elenco, carismático e comprometido, claramente se esforça além do que o texto lhes permite e por vezes consegue extrair emoção mesmo dos diálogos mais improváveis. Mas nem o talento dos atores consegue mascarar um roteiro que recicla os piores vícios do lakorn clássico sem oferecer crítica, evolução ou propósito.

Em resumo, "So Wayree" é um drama que parece olhar para o passado do gênero e, em vez de aprender com seus tropeços, decide abraçá-los como tradição. Para quem procura romance com camadas, personagens bem construídos e conflitos que respeitam a inteligência do público, este drama passa longe. Mas se você está atrás de um 'guilty pleasure' extravagante, daqueles que se consomem com a mesma energia de quem assiste a uma novela das oito em sua fase mais delirante, talvez este seja o seu “prazer proibido”. Só não esqueça de levar sua paciência e, de preferência, senso crítico junto.

- Adm Ju

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